domingo, 20 de maio de 2012

SUPERSTIÇÃO E ESPIRITISMO


São muitas as superstições. Há os que acreditam na lenda do saci-pererê, da mula sem-cabeça, dá crença de que gato preto dá azar. Há também quem diga que não se deve passar por baixo de escadas, ou que não se deve brindar com refrigerante e outras crendices que absolutamente, não têm nenhum fundamento. Segundo o Novo Dicionário Aurélio, superstição é o sentimento religioso baseado no temor e na ignorância e que induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes; crendice. Crença em presságios tirados de fatos puramente fortuitos. Apego exagerado e/ou infundado a qualquer coisa: A moça tem a superstição do número treze.
            A Doutrina Espírita credita as superstições à imaginação fantasiosa e à ignorância. Nada é casual, acidental, inopinado ou imprevisto na natureza. O item 2 do capítulo 18 do livro A Gênese, de Allan Kardec, diz que "Tudo na criação é harmonia; tudo revela uma previdência que não se desmente, nem nas menores, nem nas maiores coisas". Na questão 529 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta:-"Que se deve pensar das balas encantadas, a que se referem algumas lendas e que atingem fatalmente o alvo?"
            A resposta: —Pura imaginação; o homem gosta do maravilhoso e não se contenta com as maravilhas da Natureza. Na complementação da resposta a questão 555, Kardec diz:-"O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma infinidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu muitas fábulas, em que os fatos são exagerados pela imaginação. O conhecimento esclarecido dessas duas ciências, que se resumem numa só, mostrando a realidade das coisas e sua verdadeira causa, é o melhor preservativo contra as idéias supersticiosas, porque revela o que é impossível, o que está nas leis da Natureza e o que não passa de crença ridícula."
            A Ciência descarta as crendices, por não terem fundamento lógico. E o Espiritismo marcha lado a lado com a Ciência. O item 8 do primeiro capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, diz que "A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana. Uma revela as leis do mundo material, e a outra as leis do mundo moral. Mas aquelas e estas leis, tendo o mesmo princípio, que é Deus, não podem contradizer-se. Se umas forem a negação de outras, umas estarão necessariamente erradas e as outras certas, porque Deus não pode querer destruir a sua própria obra...."
            "A Ciência e a Religião não puderam entender-se até agora, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, repeliam-se mutuamente"..." A instrução do Espírito de Verdade: "Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os "erros que nele se enraizaram são de origem humana; e eis que, de além-túmulo, que acreditáveis vazio, vozes vos clamam: Irmãos! Nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal; sede os vencedores da impiedade!" - O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 6, item 5, nos conduz a outro raciocínio: quem se instrui, capacita-se a conhecer a verdade e só ela libertará o homem da ignorância.
            O desconhecimento da verdade faz com que o homem permaneça na ignorância, que o conduz à fé cega. Esta, por sua vez, conduz o homem ao fanatismo. Quando se conhece a verdade, trilha-se o caminho da fé raciocinada. Servindo-nos ainda do Evangelho, capítulo 19, item 6: "No seu aspecto religioso, a fé é a crença nos dogmas particulares que constituem as diferentes religiões, e todas elas têm os seus artigos de fé. Nesse sentido, a fé pode ser raciocinada ou cega. A fé cega nada examina, aceitando sem controle o falso e o verdadeiro e a cada passo se choca com a evidência da razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Quando a fé se firma no erro, cedo eu tarde desmorona. Aquela que tem a verdade por base é a única que tem o futuro assegurado, porque nada deve temer do progresso do conhecimento, já que o verdadeiro na obscuridade também o é à plena luz. Cada religião pretende estar na posse exclusiva da verdade, mas preconizar a fé cega sobre uma questão de crença é confessar a impotência para demonstrar que se está com a razão.
            'No item seguinte deste capítulo, Allan Kardec diz que "Para crer, não basta ver, é necessário sobretudo compreender. A fé cega não é mais deste século". Ora, Kardec disse isso no século passado. Logo, a afirmação está mais do que apropriada. As superstições e crendices são como as bênçãos e maldições, que atraem para o bem ou para o mal as pessoas cujos pensamentos estejam na mesma sintonia daqueles que os emitiram.
            Na complementação da resposta à questão 549 de O Livro dos Espíritos, Kardec explica:-"A dependência em que o homem se encontra, algumas vezes, dos Espíritos inferiores, provém da sua entrega aos maus pensamentos que eles lhe sugerem, e não de qualquer espécie de estipulações feitas entre eles. O pacto, no sentido comum atribuído a essa palavra, é uma alegoria que figura uma natureza má simpatizando com Espíritos malfazejos."
            Na questão 550, Kardec pergunta; "Qual o sentido das lendas fantásticas, segundo as quais certos indivíduos teriam vendido sua alma a Satanás em troca de favores?" A resposta: “-Todas as fábulas encerram um ensinamento e um sentido moral, é o vosso erro é tomá-las ao pé da letra. Essa é uma alegoria que se pode explicar assim: aquele que chama em seu auxílio os Espíritos, para deles obter os dons da fortuna ou qualquer outro favor, rebela-se contra a Providência, renuncia à missão que recebeu e às provas que deve sofrer neste mundo e sofrerá as conseqüências disso na vida futura.
            Isso não quer dizer que sua alma esteja para sempre condenada ao sofrimento. Mas, porque em vez de se desligar da matéria ele se afunda cada vez mais, o gozo que preferiu na Terra não o terá no mundo dos Espíritos, até que resgate a sua falta através de novas provas, talvez maiores e mais penosas. Por seu amor aos gozos materiais coloca-se na dependência dos Espíritos impuros; estabelece-se entre eles um pacto tácito, que o conduz à perdição, mas que sempre lhe será fácil romper com a assistência dos bons Espíritos, desde que o queira com firmeza.

Conclusão:
            Nós espíritas, não acreditamos em superstições e crendices, não acreditamos no acaso, ou que um gato preto, uma data ou até mesmo um talismã possam modificar ou atrapalhar o andamento e o rumo das nossas vidas.
            Reputar a essas coisas legitimidade de decidir ou modificar nossas vidas, é passar nossa responsabilidade a terceiros, esquecendo-nos da lei de efeito e causa ou lei de ação e reação.
            Somos responsáveis por tudo que nós acontece, pois temos o livre-arbítrio e o poder de tomar decisões a todos os instantes, o que automaticamente nos deixa expostos as conseqüências  dessas decisões, ou seja , causa e efeito, que é comumente traduzido no espiritismo pela expressão  “ a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.”
            Superstição é um sentimento religioso baseado no temor e na ignorância, o que induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas, ou seja, justamente ao contrario do espiritismo que não aceita dogmas, é baseado na fé raciocinada onde tudo há um porquê e um motivo justo e racional para acontecer.
            Como imaginar que um simples gato preto ou a presença de uma inocente coruja no telhado possa significar males maiores? Como aceitar a idéia de que o pé que primeiro pisa no chão, de manhã, possa determinar as ocorrências do dia? E mais, como entender o absurdo de devemos sair pela mesma porta que entramos? E que tipo de influência a roupa branca pode causar na passagem de ano?                               Ou será mesmo que acreditamos que bater três vezes na madeira pode alterar o rumo das coisas? E tem algo a ver com a grandeza da vida o fato de ingerirmos certos alimentos em determinados dias, por imposição de medos imaginários? 
            Ora, convenhamos! Nossa felicidade ou nossa desdita estão determinadas pela postura e comportamento que adotamos. São as opções de vida que determinam os acontecimentos. Opções de caráter reto, digno, honesto, geram resultados de paz de consciência. Atos imorais geram aflições, intranqüilidade. Algum absurdo nisto?
            São os pensamentos, a intenção e a vontade que atraem situações provocadoras de aflições ou sofrimentos. Pensando no mal, alimentando inveja e ciúme, rancor ou sentimento de vingança, atraímos exatamente essas ondas mentais que conviverão conosco e naturalmente facilitarão ocorrências desagradáveis. O inverso também é real: pensando no bem, nutrindo pensamentos de amor ao próximo, de confiança em Deus, estaremos sintonizados com o bem geral que governa o Universo, para desfrutar de paz e harmonia interior.
            Gestos, roupas especiais, objetos materiais, acessórios místicos, atitudes impostas por padrões que escapam ao exame do raciocínio e da lógica, nenhuma influência possuem para nos proteger ou mudar o rumo dos acontecimentos. Estes são sim alterados pela nossa decisão e opção mental. Se achamos que o chamado “mal feito” vai nos atingir, estaremos entregues à prisão mental que nós mesmos criamos. 
            Já é hora de nos libertarmos de tais bobagens. Aprendamos a viver livres de superstições, tomando posse de nossa herança de filhos de Deus que devem buscar continuamente o próprio aperfeiçoamento, ao invés de nos prendermos a idéias impostas para criar medo e dependência. Esses condicionamentos só existem na mente de quem os aceita. E cada um de nós tem o dever de construir a sua e a felicidade alheia.
            Afinal, vivemos para que? Satisfação egoística, medos condicionados ou felicidade construída dia-a-dia?

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