Hoje é sexta-feira 13. Dizem que é dia
de "azar". E o que é o "azar"? É a propensão para
acontecerem coisas desagradáveis. Todas as pessoas que hoje tiverem um furo no carro,
perderem o chapéu de chuva ou escorregarem numa casca de banana, encontrarão
quem atribua o facto aos misteriosos efeitos da sexta-feira 13.
Por estranho que pareça, encontramos gente receosa da sexta-feira 13 entre
religiosos, agnósticos e ateus. Claro está que não me atrevo a demover ninguém
das suas crenças, mas fico sempre admirado com a velha receita portuguesa da
"cautela e caldos de galinha", que "nunca fizeram mal a
ninguém". E que sempre me recitam se me atrevo a sorrir dos azares de
sexta-feira 13.
Ao mesmo tempo, acho fascinante que numa época em que o conhecimento é
acessível a toda a gente (pela TV, Internet, livros, revistas, jornais, rádio,
pela escolarização), os temores pré-históricos persistam e haja ainda tanta
gente que suspeite de sinistras forças invisíveis que agem á revelia do ser
humano com o intuito maquiavélico de lhe furar pneus, fazer perder chapéus de
chuva ou escorregar em cascas de banana. E que, como se não bastasse, podem ser
"esconjuradas" com artefatos tais como ferraduras, pés de coelho,
trevos de quatro folhas e outros. Por conta da crendice, existem animais em extinção. Os
rinocerontes, em África, perdem a vida por causa da imponente defesa de que a
natureza os dotou, porque alguém entendeu que é mágica. Cá em Portugal há quem
ganhe a vida a caçar víboras para as respectivas cabeças serem vendidas como
amuleto.
A má fama da sexta-feira 13 deve-se, segundo se julga, a uma série de
coincidências com esse número, esse dia da semana e do mês. Jesus
de Nazaré foi
crucificado a uma sexta-feira e na Última Ceia achavam-se 13 pessoas à mesa. A
Ordem dos Templários começou a ser perseguida a 13 de Outubro de 1307, numa
sexta-feira.
Quem tenha gasto dinheiro num amuleto
"anti sexta-feira 13", ou em "materiais" para os chamados
"banhos de descarga", caso no dia de hoje tenha alguma coisa a
correr-lhe menos bem, o que fará? Queixar-se-á à Defesa do Consumidor? À ASAE?
Eu acho que será absolutamente legítimo! A menos que o amuleto leve um aviso: "Não
se garante eficácia a 100%. Em sextas-feiras 13 particularmente aziagas, as
forças maléficas ocultas podem ocasionalmente levar a furos em pneus,
guarda-chuvas transviados ou escorregadelas. Aconselha-se um amuleto para
proteger este amuleto".
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