A autoestima – definida como a “aceitação
que o indivíduo tem de si mesmo” –
é um conjunto de crenças que alimentamos em relação a nós mesmos,
influenciando, consideravelmente, a maneira de nos percebermos interna e
externamente. Representa, assim, algo de importância capital em nossa vida,
porque essa percepção particular, que tanto pode ser positiva como negativa,
tende a nos conduzir a muitas vitórias ou a vários fracassos e derrotas.
Entretanto, em várias situações,
podemos constatar que esse ponto de vista que cada um tem de si, nem sempre,
corresponde à realidade. Como exemplo, temos o complexo de inferioridade que se
manifesta em certos jovens. Alguns deles alimentam uma autodesvalorização tão
intensa, sentindo-se feios ou inferiores, em virtude de características que não
aceitam em si mesmos: um sinal, estatura, cabelo, forma física, temperamento.
Com isso, admiram artistas, sonham com os cabelos, nariz, forma física e
carisma dos outros, sem conseguirem perceber que também possuem suas próprias
qualidades, inteligência e beleza.
No aspecto físico, a pessoa com baixa
auto estima tende a ter uma aparência desleixada, postura curvada, olhar sem
brilho e para baixo, obesidade, voz vacilante, falta de higiene etc.
Psicologicamente, ela pode ser medrosa, insegura, impaciente, ansiosa, ingênua,
tímida, envergonhada, bem como apresentar dificuldades em seus relacionamentos,
não conseguir fazer-se respeitar pelos outros e possuir os mais variados tipos
de compulsões: bebida, comida, sexo, trabalho...
A baixa autoestima provém de vários
fatores. Em se tratando apenas da presente existência, na maioria dos casos, é
decorrente de um deficiente desenvolvimento psicológico, na infância e na
adolescência.
A Doutrina Espírita, porém, ensina que
todos os espíritos, em decorrência das encarnações anteriores, quando nascem,
já trazem sua própria bagagem espiritual, cujo conteúdo é variável para cada um
deles. Aqueles que vivenciaram situações difíceis e traumatizantes, por certo,
serão as crianças e os jovens com problemas mais complexos a serem resolvidos,
requisitando, dos pais, maior cota de paciência, compreensão e conhecimentos.
E, infelizmente, nem sempre estes conseguem perceber, em tempo hábil, a melhor
maneira de orientar o reequilíbrio mental e emocional de seus filhos. Outros
espíritos, por possuírem uma bagagem existencial mais amena, não apresentam
tantas dificuldades íntimas, e, com isso, conseguem sustentar sua autoestima em
nível mais elevado.
Mas ainda é bastante grande a
resistência por parte das pessoas quanto à conscientização dos problemas
psicológicos que, porventura, carregam. No entanto, tal questão deveria ser
tratada, e resolvida, com a maior naturalidade. Vamos com facilidade a um
médico quando estamos doentes fisicamente, porém, em nossas dificuldades
íntimas, tendemos a menosprezar, por orgulho ou falta de percepção, a ajuda que
um profissional especializado pode nos proporcionar nesse sentido.
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Harley
Lane, um menino inglês de 4 anos, teve uma meningite e foi desenganado pelos
médicos. Sofreu uma septicemia, uma infecção que ocorre no sangue causada
pela proliferação de bactérias e toxinas, conhecida também como sangue
envenenado. Essa infecção danifica os tecidos do organismo e diminui a pressão
arterial, provocando o fechamento de veias, interferindo na circulação
sanguínea. Harley precisou amputar os braços e as pernas e pouco tempo
depois, utilizando próteses e uma cadeira de rodas, voltou à escola e se
tornou o garoto mais popular da classe, devido ao seu esforço de superação em
um corpo físico completamente mutilado. Atualmente, é amparado por um
assistente de ensino para ajudá-lo na higienização, prevenindo assim novas
infecções.
Jessica
Cox, uma americana nascida sem os braços, por conta de uma enfermidade
congênita, vem ganhando popularidade nos Estados Unidos como exemplo de
superação. Ela se tornou a primeira pessoa a conduzir uma aeronave somente com
os pés e conseguiu um brevê de piloto. Cox não se entrega aos limites físicos e
não se prende ao “não posso”, costuma dizer ante os desafios “ainda não
consegui”. Sob esse raciocínio, acredita que quando na limitação física não se
pode fazer algo, mas pode-se buscar meios de superação a fim de vencer, quebrar
limites, expandir, ampliar horizontes, levando a barreira limite para mais
distante do ponto anterior.
A
maior conquista de Jessica é a auto-estima e elevado grau de auto-aceitação, o
que dá a ela esses talentos. Em suas palestras, Jessica procura mostrar às
outras pessoas que a autoconfiança é a principal arma para superar as
adversidades. Há muitas pessoas ditas “normais” que sofrem de uma deficiência
real – a falta de confiança em si mesmas, eis aí os verdadeiros aleijões humanos.
Outro caso de superação é de Flávia Cristiane Fuga e Silva, uma
brasileira de 26 anos, portadora de paralisia cerebral, que recebeu sua
carteira de advogada, após cinco anos de faculdade e três exames da OAB-SP.
Flávia praticamente não fala e se locomove com o auxílio de uma cadeira de
rodas. Foi aprovada no exame 133, realizado em agosto de 2007, em que 84,1% dos
17.871 candidatos foram reprovados.
Muitos
paralíticos, surdos, mudos e cegos, sob essa égide valorativa de
"eficiência", são considerados "deficientes", isto é,
aqueles cuja "eficiência" é falha, é insuficiente, e não tem
como ser vencida, superada. Entendendo que o limitado físico não sofre de falta
de "eficiência", por essa razão postulamos que os “deficientes” não
são deficientes, apenas estão temporariamente restritos para fazerem uma ou
outra coisa.
Os
preceitos espíritas nos remetem a entender que somos sempre herdeiros de
nós mesmos, motivo pelo qual é importante que nos esforcemos, a fim de
crescermos emocionalmente, amadurecendo conceitos e reflexões, aspirações e
programas reencarnatórias, cuja materialização nos submetemos. É importante
reconhecermos as próprias dificuldades e esforçar-nos para vencê-las, evitando
a queixa a fim de não deprimir o entusiasmo de viver, levando-nos a
estados depressivos. Não devemos nos deter na auto compaixão piegas e inútil,
precisamos nos motivarmos para crescer e alcançarmos os patamares psicológicos
mais elevados de auto superação.
É
bem verdade que há dolorosas reencarnações que significam tremenda luta
expiatória para as almas necrosadas no vício. As vicissitudes da vida corpórea
constituem expiação das faltas do passado e, simultaneamente, provas com
relação ao futuro a fim de depurar-nos e elevar-nos, se as suportamos
resignados e sem auto piedades. A paralisia, o câncer, a epilepsia, a cegueira,
a mudez, a idiotia, a surdez, a hanseníase, o diabete, o pênfigo foliáceo, a
loucura e todo o conjunto das patologias de etiologias obscuras e quase
incuráveis significam sanções instituídas pelo Criador da vida, portas a dentro
da Justiça Universal, atendendo-nos aos próprios pedidos, para que não venhamos
a perder as glórias eternas do espírito a troco de lamentáveis ilusões humanas.
Necessitamos mais do que nunca hoje, mudar os
nossos valores e crenças, para que possamos mudar a nossa realidade e,
automaticamente, melhorar nossa auto-estima. A mudança de valores ao contrário
do que parece, não é tão difícil; porém, requer muita disponibilidade e vontade
de melhorar e o principal, não depende de condição financeira, pois é um
mecanismo interno.
Para que possamos ter uma auto-estima positiva,
necessitamos primeiramente conhecer a nós mesmos, termos contato com os nossos
defeitos e principalmente, querer melhorá-los; para isso, precisamos ter em vista
que os nossos defeitos não são aqueles que nos incomodam e sim, o que incomoda
os outros. É importante salientar que, como seres humanos, não temos somente
defeitos, mas também possuímos muitas qualidades, as quais devemos valorizar em
nós mesmos, pois quando valorizamos aquilo que sabemos fazer bem, é o primeiro
passo para a melhora da auto-estima.
Nossa auto-estima deve ser cultivada no nosso cotidiano,
através do pensamento positivo e da crença de que o amanhã será melhor,
trazendo nova luz para que os problemas possam ser resolvidos. Para isso,
devemos nos valer da verdade de que por pior que seja o nosso problema, Deus
não nos desampara, ou seja, sempre coloca uma luz em nosso caminho. Essa luz
pode ser um filho, que nos faz ver que vale a pena continuar lutando, ou um
vizinho que vem nos oferecer ajuda de uma coisa que estamos precisando, ou até
de um amigo ou parente que de repente aparece para saber como estamos.
É sempre importante lutar para conseguirmos melhorar
nossa situação, mesmo que às vezes nos achemos impotentes e fracos; nesse
momento devemos olhar para trás para vermos que existem problemas piores que os
nossos; basta ver, por exemplo, a situação dos países em guerra, onde você pode
a qualquer momento, ser alvo de algum ataque, não tendo nenhum minuto de paz.
Nunca devemos culpar as pessoas pelos nossos problemas;
devemos nos responsabilizar por eles e pensar em como podemos superá-los,
procurando quem possa nos ajudar a melhorar nossas condições, ou seja, nos
aperfeiçoar. Nunca devemos perder nenhuma oportunidade de aperfeiçoamento
profissional e pessoal.
Sempre devemos lembrar que todos nós temos um campo
energético em que refletimos o que estamos sentindo sem precisar dizer nada;
nesse sentido, se temos um pensamento positivo e de respeito em relação a nós
mesmos, automaticamente nosso campo energético emite ondas positivas, exigindo
por assim dizer, o respeito das pessoas; por outro lado, se emitimos ondas de
negativismo e desrespeito de nós mesmos, permitimos que as pessoas nos desrespeitem,
abusem e nos explorem, agindo como se isso fosse o mais natural a fazer pois
inconscientemente, é o que estamos transmitindo.
Lembremos sempre que as pessoas vão nos avaliar de acordo
com a avaliação que fazemos de nós mesmos, portanto, somos aquilo que
acreditamos ser, e se não estamos satisfeitos com o que somos, devemos nos
reprogramar para que melhoremos nossas condições internas.
Diante dos desafios do viver na
Terra, devemos trilhar pelo caminho da autosuperação sob os influxos
tenazes da autoconfiança. Esse estado de espírito resulta das conquistas
contínuas que demonstram o valor de que se é portador, produzindo imensa
alegria íntima, e esta se transforma em saúde emocional, com a subseqüente
superação dos conflitos remanescentes das experiências de vidas pregressas.
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